Eu trabalhei alguns anos – ótimos – na Paramount Pictures. E o que a gente sabia desde sempre é que não importava quantas versões de DVD’s de O Poderoso Chefão – com caixas especiais, brindes diferenciados – fossem lançadas, todas elas venderiam muito bem. É isso o que acontece quando você tem um produto tão especial, considerado por muitos o melhor filme de todos os tempos. Tanto que há um filme chamado Francis and the Godfather, atualmente em pré-produção, que vai mostrar os bastidores dessa história. Oscar Isaac será o diretor Francis Ford Coppola, e Jake Gyllenhaal será o chefe do estúdio, Robert Evans. E há também uma série sobre o mesmo tema, que estreou agora na Paramount Plus, The Offer. Os três primeiros episódios estrearam nessa quinta (28), com os sete restantes chegando a cada semana.
Eu já assisti todos! E, mesmo com alguns altos e baixos, gostei do que vi. A série se baseia nas memórias do produtor do primeiro O Poderoso Chefão, Albert S. Ruddy. A trama acompanha o produtor Albert (Miles Teller) e Robert Evans (Matthew Goode) enquanto se preparam para a produção do filme . E ainda como eles se esforçam para driblar todos os problemas enfrentados durante o processo. Com a ajuda de sua parceira Bettye McCartt (Juno Temple), Albert consegue juntar as peças do que se tornaria um grande clássico.
Porém, um dos principais problemas durante da adaptação foi o impasse causado por algumas das grandes famílias do crime organizado. Incomodado pela exposição da trama sobre a família Corleone, Joe Colombo, um dos chefes da máfia de Nova Iorque, tenta dar fim a produção. Ele inclusive chega ao ponto de ameaçar os produtores de morte. Mas mesmo correndo risco, Albert se nega a interromper o grande projeto de sua vida.
O que achei da série?
Para alguém como eu, que adora essas histórias de bastidores, o filme é um prato cheio. Há uma enorme quantidade de referências, algumas das quais eu já sabia, outras não. Vários filmes, como Lua de Papel, Chinatown, Love Story, todos fazem parte dessa história. A direção de arte que recria a época dos anos 70 é perfeita. Mas o mais interessante é ver discussões sobre a contratação de Al Pacino, a iluminação escura do filme. E ainda todos os problemas para receber o sinal verde para começar a produção. As discussões do autor do livro, Mario Puzo, com Coppola para fazer o roteiro são ótimas.
O problema da minissérie, que acaba a deixando um pouco longa demais, é o envolvimento da Máfia. Claro que a gente sabe que isso aconteceu. Mas creio que ela toma muito tempo. Especialmente os meandros de discussões internas deles. Os dois últimos episódios, quando a participação deles desaparece, flui de maneira muito mais interessante.
O elenco
Miles Teller faz o papel principal de Albert S. Ruddy, que acabou substituindo Armie Hammer depois de seu escândalo. Está ok, mas nada especial. Os destaques acabam ficando com os surpreendentes Dan Fogler (Coppola), Patrick Gallo ( Mario Puzo). Outros que me impressionaram foram Justin Chambers, de Grey’s Anatomy, como Marlon Brando, e Anthony Ippolito, como Al Pacino. Os dois incorporaram perfeitamente todos os maneirismos dos dois atores. Já Giovanni Ribisi está exagerado como sempre como o gangster Joe Colombo. O choque realmente fica por conta de Lou Ferrigno, como Lenny Montana. O cara praticamente não envelheceu desde os tempos em que era o Incrível Hulk.
Entretanto o grande destaque do elenco para mim foi Matthew Goode. Eu vi várias entrevistas do verdadeiro Robert Evans. E ele está simplesmente perfeito. Inclusive “rouba” a série facilmente!!
A trilogia de O Poderoso Chefão também estreou hoje (28) no Paramount Plus.