Já disse por aqui que vejo muito menos documentários do que gostaria. Pura falta de tempo com tantos filmes e séries para ver. Ocasionalmente abro umas exceções, e deixo tudo de lado para ver algum que me interessa especialmente. É lógico que eles tem a ver com cinemas, astros dos passado. Eu gostei muito de Lucy e Desi, que vi recentemente na Amazon Prime. E agora, essa semana eu vi na HBO MAX The Last Movie Stars. Trata-se de um documentário em seis partes, que conta a história dos atores Paul Newman e Joanne Woodward.
Qual é a ideia?
O documentário é uma criação de Ethan Hawke. Logo no início da produção Hawke conta como foi contatado por uma das filhas de Paul e Joanne para contar a história de seus pais. Nunca fica claro a razão pela qual ele foi o escolhido. Mas, de qualquer forma, torna-se algo premente para Hawke. Isso é óbvio. Ele logo de início explica suas escolhas e caminhos para contar a história de Paul e Joanne. Paul Newman teve no passado a ideia de escrever suas memórias. E gravou vários depoimentos com a família, amigos, colegas de trabalho. Só que um belo dia resolveu queimar todas essas fitas. A sorte é que todas essas fitas tinham sido transcritas. Então havia caixas e caixas com as transcrições. Foi quando Ethan resolveu chamar atores para fazer os papéis. E suas escolhas são extremamente interessantes. Começando por George Clooney como Paul, e Laura Linney como Joanne.
Mas há outros. Zoe Kazan, Josh Hamilton, Alessandro Nivola, e o melhor de todos, Brooks Ashmankas como Gore Vidal. Há outros que aparecem somente para comentar fatos. É o caso de Billy Crudup, Sam Rockwell, Sally Field e o diretor Martin Scorsese. Isso sem contar as filhas de Paul e Joanne. Tudo é feito por zoom, já que as filmagens aconteceram no início do período da pandemia. Há um grande charme em tudo isso. Afinal, ao mesmo tempo em que os artistas parecem chocados com algumas revelações, alguns narram que situações onde conviveram com Paul e Joanne.
O que achei?
Nenhum casal tem uma vida perfeita. E com Paul e Joanne não foi diferente. Mas o documentário deixa claro o grande amor e companheirismo que os unia. Além de uma grande química sensual que aparentemente não diminui com o tempo. Inclusive a relação dos dois começou quando Paul ainda era casado com outra mulher. Ethan Hawke mostra também todos os lados dos dois. Paul era alcoólatra, e sofria de um complexo de inferioridade claro. Joanne era uma força da natureza que era uma grande estrela, mas acabou deixando sua carreira “esfriar” para cuidar da família. E chegou a dar uma entrevista onde disse que apesar de amar suas filhas, talvez não tivesse filhos se fosse escolher novamente. “Atores não são bons pais”. ela declarou.
The Last Movie Stars não segue uma cronologia. Algumas vezes usa cenas de filmes dos dois para ilustrar situações em que viviam na vida real. Algumas vezes até se estende um pouco demais. Mas, em geral, é eficiente e prazeroso para todo o fã de cinema. Mostra especialmente as tragédias (a morte do filho de Paul), os negócios, a política, as causas humanitárias. E claro, os 16 filmes em que trabalharam juntos, e os grandes destaques de cada uma de suas carreiras. Só por isso já é não só uma aula de cinema, mas também proporciona um entendimento maior sobre toda uma geração. É um belo trabalho.