É bom ver como o cinema e o streaming estão reconhecendo o grande talento de Aretha Franklin. O engraçado é que no mesmo ano um filme para o cinema e uma minissérie estão presentes na Temporada de Premiações. As duas atrizes conseguiram indicações para o SAG Awards. Jennifer Hudson estrela Respect: A História de Aretha Franklin. O filme está programado para estrear em 11 de fevereiro nos cinemas. E Cynthia Erivo é a estrela da minissérie Genius: Aretha, que está disponível no Star Plus. Eu assisti esse último e, entre trancos e barrancos, vale a pena!
Talvez você já tenha ouvido falar da série Genius da National Geographic. Ela mostra a jornada de gênios da história. A primeira temporada abordou a vida de Albert Einstein (Geoffrey Rush). Na segunda foi a vez de Pablo Picasso feito por Antonio Banderas. As duas também estão no Star Plus. E agora , na terceira, Cynthia Erivo mostra a Aretha na idade adulta. Conhecida como a Rainha do Soul, Aretha Franklin foi uma das maiores cantoras e compositoras norte-americanas . Permanece até hoje como um dos maiores ícones da música. A série de oito episódios mostra sua vida desde criança quando começou a cantar na igreja do pai. Aborda ainda as dificuldades do início de sua carreira, seus triunfos, seus problemas familiares. E ainda seu ativismo, lutando pela igualdade, tanto para mulheres, quanto para negros.
O que achei de Genius: Aretha?
A série apresenta a vida de Aretha como um grande novelão. Tem de tudo, pai bêbado, mãe ausente, dois filhos de pais que ela nem lembra quem são. E ainda um marido abusador, e uma certa dificuldade para atingir o topo. Genius: Aretha alterna os momentos que moldaram a estrela na sua pré-adolescência. Nesse momento ela é feita pela menina Shaian Jordan. Fica claro que ela teve certos privilégios, mas também uma quantidade enorme de traumas.
Problemas e coisas boas
Mas a série tem vários problemas. Há muitas idas e vindas de passado e presente, que podem ser um pouco confusas. Ainda alguns personagens desaparecem de repente na história. Com o último marido, Glynn Thurman, não há nenhuma explicação, uma briga. Ele simplesmente some. Também há muitos saltos na história, que deixa muita coisa no ar. Em alguns momentos a série também mostra Aretha como pouco profissional, perdendo shows, abandonando sessões na estúdio, somente porque não gosta de como as coisas estão acontecendo. Isso sem contar a falta de adequação de idade boa parte dos atores. Cynthia Erivo não é crível fazendo Aretha com 20 anos, por mais que se queira. Já ter Pauletta Washington, mulher de Denzel na vida real, como mãe de Courtney B. Vance também não dá para engolir. Só como detalhe, ela tem 71, e ele 61.
Entretanto, há muita coisa extremamente positiva. Direção de arte, e os figurinos simplesmente ma-ra-vi-lho-sos. A atuação totalmente exagerada e maravilhosa de Courtney B. Vance também vale a pena. Cynthia Erivo tem um bom momento. Ela tem uma voz incrível, e em alguns momentos se parece realmente com Aretha. Nos números musicais, ela é insuperável. Mas na parte do drama, ela ainda me passa a sensação que faz sempre o mesmo papel, seja em Harriet ou na série The Outsider, ou aqui. Sempre aquela fala baixa, aquele olhar meio inquisidor meio vazio.
Senti falta de uma interpretação de Respect, o grande sucesso da carreira de Aretha. Será que é um problema de direitos? Entretanto devo dizer que a interpretação de Nessum Dorma, um dos maiores momentos da carreira de Aretha, me emocionou. Me fez até admirar mais a série.