Penélope Cruz fez sete filmes dirigida por Pedro Almodóvar. Com Volver (disponível na Netflix) levou uma indicação ao Oscar de atriz em 2007. Agora, aconteceu de novo. Novamente dirigida por Pedro em Mães Paralelas, ela conseguiu uma nova indicação para o Oscar, depois de vencer o prêmio de atriz em Veneza. O filme estreou nessa sexta na Netflix.
Duas mulheres, Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit), dão a luz no mesmo dia e no mesmo hospital. Janis, de meia idade, já se sente preparada e eufórica para ser mãe. Ana, adolescente, engravidou por acidente e sente medo do que está por vir. Também está assustada, arrependida e traumatizada. As duas enfrentam essa jornada como mães solos. Enquanto esperam pela chegada dos bebês, elas trocam confissões e desabafos. Só que esse momento vai mudar a vida de ambas para sempre, como um forte laço unido pela maternidade.
O que achei de Mães Paralelas?
Assim como Woody Allen, você sabe identificar perfeitamente um filme de Pedro Almodóvar. Sempre com cores fortes, uma trilha sonora deliciosa, uma mãe como personagem marcante. E assim como no caso de Woody, até um filme menor de Pedro é melhor do que a maioria das coisas que vemos por aí. É esse o caso de Mães Paralelas, em minha opinião.
O filme começa com uma história que parece ser política. Janis quer ajuda para descobrir as ossadas de seu antepassado que foi morto durante a revolução. A partir daí, a parte política fica esquecida, dando lugar a um novelão com direito a todos os elementos de um melodrama. E como todos os novelões, as pessoas tem reações inesperadas, daquele tipo “só em novela”. Rsrs. Talvez muita gente ache lindo, uma homenagem à maternidade. Eu confesso que as reações de certos personagens, Janis especificamente, me incomodaram bastante. Sob meu ponto de vista, a personagem não reage como um ser humano normal reagiria. E não só ela. Isso prejudicou bem meu envolvimento na história.
No final, o filme esquece o lado novelão, e volta para o lado político, sobre a descoberta dos antepassados. Essa acaba sendo a parte mais interessante, que levanta o filme. Toda a sequência final é muito emocionante. Com isso, fica a sensação de que o filme seria muito mais eficiente/impactante se não tentasse colocar dois filmes/ histórias em um só.
No final…
Mas é claro, como disse no início, um filme de Almodóvar menor, é melhor do que boa parte das produções que estão por aí. Mães Paralelas concorre também ao Oscar de trilha sonora, um belíssimo trabalho de Alberto Iglesias. E Penélope está ótima, como sempre. Ela chegou de mansinho, e tirou a favorita Lady Gaga (Casa Gucci) das cinco finalistas da categoria de melhor atriz. À primeira vista, não é uma das favoritas. Mas essa categoria do Oscar está tão imprevisível, que pode até ser que uma zebra aconteça.
E antes que me esqueça…
PS – Vale destacar também o trabalho de Aitana Sanchez-Gijón como a mãe de Ana. Ela é a estrela de um de meus romances preferidos da vida, Caminhando nas Nuvens (disponível no Star Plus). Quase 30 anos depois, ela não perdeu nem sua beleza nem seu charme. Suas cenas estão entre os grandes destaques de Mães Paralelas.