Não gosto de reality shows. Toda aquela pretensa realidade me incomoda muito. Então, com exceção de um ou outro sobre cozinha (para ver as receitas), realmente não assisto. Mas este é um gênero extremamente popular, e há uma infinidade de séries sobre os mais diversos assuntos. Eu já ouvi falar muito da série Queer Eye, desde sua primeira versão, de 2003, que durou cinco temporadas. Em 2018, a Netflix resgatou o título, que já tem cinco temporadas disponíveis nesse nova versão. Já foi renovada para um sexta. Meu amigo José Augusto Paulo escreveu um pouco sobre ela.
Queer Eye
Havia notado essa série listada na Netflix, mas confesso que a evitava. Lembro um pouco de ter visto trechos da versao de 2003 e não me interessava. Acho que eu temia superficialidades, futilidades. Ou tentativas de trazer uma suposta sofisticação urbana em termos de moda, cultura, culinária, para individuos caipiras por natureza. E ainda aqueles momentos de comportamento exagerado, etc. Afinal, os norte-americanos são, culturalmente, dados a exageros com frequência, independente de orientação sexual…).
Mas eis que um dia, naquelas de ligar a Netflix e não mover o cursor com a rapidez necessária, um episódio da quinta temporada começou a passar. Acabei assistindo-o… inteiro… E gostei bastante. Ainda acho que tem alguma coisa um tanto artificial no programa. Mas, os cinco principais não tiveram uma vida fácil. Por vezes, isso fica claro e as lágrimas deles me parecem honestas.
A estrutura é a mesma da série de 2003: São cinco homossexuais (os queer eye do titulo – uma alusão a expressao que tem um sentido mais fisico). Eles ajudam, durante uma semana, uma pessoa a se transformar para melhor. A diferença está que na série anterior eles ajudavam somente heterossexuais, e agora está mais diversificado. Por exemplo, pais viúvos que, de tão atarefados, não conseguem nem mudar de casa. Eles recebem dicas de como dividir seu tempo enquanto que a mudança é feita para a familia, etc. Ou, um mexicano que trabalha 18 horas por dia na sua banca de peixe. Ele é ajudado durante uma semana para poder abrir o pequeno restaurante de seus sonhos, etc.
A crítica
Não sabemos como os casos são escolhidos, mas sim a razão de quem nomeia a pessoa. E assim acompanhamos o que cada um dos cinco faz por aquela pessoa. No final, quando os cinco vão embora, vemos o que acontece com a pessoa e como ela enfrenta certas situações. São cenas que sempre me parecem um tanto ‘montadas’ para a audiência… Aquelas cameras não estão fixas nas paredes e no teto. Portanto, alguém ali está filmando, e algumas das cenas são um tanto íntimas e cheias de emoção… Mas, se alguém remodelou sua casa inteira, criou um guarda roupa novo e ensinou umas coisas aqui e ali, acho que filmar e jogar emoção na cena faz parte do negócio…
Os cinco são personalidades bem diferentes. Mas se dão bem e parecem mesmo trabalhar em equipe. O YouTube está repleto de vídeos com entrevistas, contando a vida de cada um dos cinco. Especulam inclusive sobre sua vida amorosa. Portanto, se você tiver um favorito, há onde saber mais.
O programa é bem dinâmico e as cenas sao simples, sem muita sofisticação na fotografia e bem na linha reality show. Mas as histórias são bem humanas, todas bem possiveis. A transformação em alguns casos é bem visível e acho que exemplifica bem que muitas vezes temos o que precisamos para melhorar nossa vida. Mas pode ajudar, e muito, ter a orientação correta, mesmo que seja de um estranho que se interessou por nós.