Ricardo Darín é uma daquelas raras unanimidades do cinema mundial. Todo mundo adora – e prestigia seus filmes. Outro dia mesmo, vi um meme que dizia que aquele “era o único filme argentino sem Ricardo Darín”. Rsrsrs! Mas ele é ótimo, e , em geral, escolhe muito bem os seus projetos. Recentemente estreou na Prime Vídeo o drama de tribunal Argentina 1985. É um filme obrigatório. Não só por ser bom, mas também pelo tema que aborda.
O filme se baseia em fatos reais. Como o próprio título diz, se passa na Argentina, em 1985. Mostra a história de Julio Strassera, Luís Moreno Ocampo e sua equipe, que processaram militares da ditadura argentina. Esse fato ficou conhecido como Julgamento das Juntas. Dois promotores começam a pesquisar e julgar os cabeças da Ditadura Militar Argentina. Strassera (Ricardo Darín) e Ocampo (Peter Lanzani) enfrentam a influência das pressões políticas e militares – recebendo inclusive diversas ameaças. Mas os dois conseguem reunir uma equipe de advogados para lutar no tribunal. Só para que todos saibam, o Julgamento das Juntas foi o primeiro julgamento no mundo feito por um tribunal civil contra comandantes militares que tinham estado no poder. Começou em 22 de abril de 1985, teve cerca de 530 horas de audiência e 850 testemunhas. No final, 709 casos foram julgados e sentenciados.
O que achei do filme?
O filme é um pouco lento no início, mas logo encontra seu ritmo. Mistura drama familiar e político, com um gênero que gosto muito, o filme de tribunal. Há alguns momentos divertidos. Boa parte deles vem da relação familiar de Strassera (são todos ótimos). Mas também há uma inspiração daqueles filmes que Hollywood chama de buddy movies. A relação de Strassera e Ocampo ressalta que, apesar de muito diferentes, e por isso mesmo cheios de picuinhas, os dois se admiram.
Além disso, o filme tem também um tom de suspense constante. Há ameaças – veladas ou não -em um momento em que os militares não estavam mais no poder, mas ainda detinham grande influência na Argentina. A partir do momento em que o julgamento começa, tudo se torna um drama poderoso. O diretor Santiago Mitre, também co-autor do roteiro, mistura cenas reais com os personagens do filme. Dá ainda mais impacto à história. Hollywood vem fazendo isso há algum tempo, inclusive recentemente com o ótimo Os 7 de Chicago (Netflix). Mas aqui, talvez por ser um tema tão próximo (lembro um pouco da época), o impacto é ainda maior.
Vários atores personificando vítimas dos crimes dos poderosos dão seus testemunhos. A mais contundente é Adriana (feita por Laura Paredes). É impossível ficar indiferente à sua história tão aterradora. E claro, há o momento do discurso final de Strassera. Darín é simplesmente fenomenal. Você sente vontade de levantar e aplaudi-lo quando ele termina, assim como a audiência do filme. Vale também acompanhar os créditos finais. Mostram fotos dos verdadeiros homens e mulheres que protagonizaram essa história.
E no final…
Num momento como o que estamos vivendo, falando tanto sobre futuro e democracia, Argentina 1985 é um daqueles filmes obrigatórios e imperdíveis. Não é para menos que foi escolhido para representar a Argentina na corrida do Oscar de filme estrangeiro. Será que teremos um novo A História Oficial?
Eloisa
25 de outubro de 2022 às 12:33 am
Vc me animou p/ ver!!!
Eliane Munhoz
26 de outubro de 2022 às 1:55 pm
Vale a pena!!