A gente sabe que faroeste não é um gênero muito popular, especialmente nos dias de hoje. Eu gosto. Desde os clássicos de John Wayne – Rastros de Ódio é imperdível – , até Django Livre. Este último é um de meus dois preferidos de Quentin Tarantino – o outro é Era uma Vez em Hollywood. Mas, de vez em quando Hollywood aposta suas fichas no gênero. Dessa vez foi a Netflix, que reuniu um elenco de primeira para Vingança e Castigo, que estreou essa semana no serviço.
A história é simples. O fora da lei Nat Love (Jonathan Majors) descobre que seu maior inimigo, Rufus Buck (Idris Elba), será libertado da prisão. Ele reúne então seu bando em uma busca incessante por vingança. Aqueles que cavalgam com ele incluem o seu antigo amor Stagecoach Mary (Zazie Beets), seus homens de temperamento forte Bill Pickett (Edi Gathegi) e Jim Beckworth (RJ Cyler). Mas Rufus também tem o seu bando. Nele estão a “Traiçoeira” Trudy Smith (Regina King) e Cherokee Bill (LaKeith Stanfield). Os dois grupos irão se encontrar num duelo fatal numa pequena cidade do velho Oeste.
O que achei de Vingança e Castigo?
O filme é uma grande homenagem aos Spaghetti Westerns dos anos 60. E também tem muito de Django Livre. Portanto, fica a dica! Se você não gosta do gênero passe longe. Se gosta, vai se divertir. O diretor Jeymes Samuel já tinha feito um filme do gênero, They Die by Dawn, com Michael K. Williams. Aqui ele tem a grife de produção de Jay Z como um dos produtores. Para os cinéfilos que gostam de faroeste, é uma delícia encontrar todas as referências. Cada cena é feita com grande beleza e magnetismo. É óbvio que o diretor fez bem sua lição de casa de estudo do gênero. E ainda, tem um plus, já que boa parte dos personagens realmente existiu no velho Oeste, mas a história em questão é totalmente inventada. Jeymes Samuel é um óbvio fã de Tarantino.
Há entretanto um sinal dos tempos. Pelo menos três personagens relatam situações de abuso. Um outro tem o gênero indefinido. As mulheres são poderosas, e tem uma bela cena de briga. Há muita violência, e sangue jorrando para todos os lados.
O elenco é todo de atores negros, com exceção de uma sequência, que vira até piada. E que elenco! Idris Elba arrasa como sempre. A gente demora para ver seu rosto. E a espera vale a pena, com toda sua majestade e carisma. Jonathan Majors, como já demonstrou em Lovecraft Country, tem jeito para ser herói – ou um anti-herói. E, claro, tem Regina King. Ela tem uma presença monumental como a vilã sádica. As cenas dela com Zazie Beets, tem um eco de Johnny Guitar, de 1954. E tem mais: LaKeith Stanfield, Delroy Lindo, Danielle Deadwyler, Zazie Beets…
E no final…
Apesar de longo – 2h10 – Vingança e Castigo acaba envolvendo o tempo inteiro com seus personagens tão bem construídos, e uma fotografia primorosa. Isso sem contar a brilhante trilha sonora, que acompanha e é parte integrante da ação. Eu daria até uma indicação ao Oscar para ela. E, se prepare, o final dá a entender que uma sequência virá por aí!