Faz tempo que a gente ouve falar sobre Blonde. O filme, estrelado por Ana de Armas, se baseia no romance do mesmo nome, de Joyce Carol Oates. É uma versão romantizada da vida de uma das estrelas mais icônicas da história do cinema, Marilyn Monroe. É provável que a muita gente nunca tenha visto um filme de Marilyn na vida. Não tem ideia de como ela era uma “original”. Além de ótima atriz, também era alguém que tentava sempre melhorar, estudar. É uma pena que, provavelmente, essa nova geração vai conhecer apenas essa versão da Netflix de Marilyn.
Primeiramente acho importante dizer que o filme tem dois lados. O primeiro é o técnico. Você vê que há um diretor por trás, querendo impor uma linguagem diferenciada. A fotografia, figurino, maquiagem, trilha sonora, design de produção, tudo isso é digo de prêmio. Isso sem contar a atuação de Ana De Armas. É uma daquelas atuações da vida. E há momentos chocantes, em que é difícil discernir Ana da verdadeira Marilyn. Além disso, ela faz a voz, os trejeitos, o olhar, de maneira brilhante. Deve concorrer a alguma coisa na temporada de premiações. Também é preciso destacar Adrien Brody como o escritor (que a gente sabe que é Arthur Miller). Bela performance.
O problema
O problema na verdade é que o filme é praticamente um pesadelo de quase 3 horas. Acompanhamos o sofrimento de Marilyn, desde sua infância, quando a mãe tentou matá-la. Daí em diante, é uma tragédia atrás da outra. Orfanato, estupro, homens que se aproveitam dela todo o tempo. Um marido apaixonado, que no final é um brutamontes que bate nela. E, uma das sequências mais chocantes, que aborda um momento do caso de Marilyn com o presidente (que a gente sabe que é Kennedy).
Além disso, há cenas detalhistas de abortos, de vômitos, de sangue. É realmente difícil de aguentar. E num determinado momento, Blonde parece até se apoiar naquilo que deseja denunciar. Ou seja, mais uma vez, Marilyn parece estar sendo usada para conseguir chocar a audiência. Há um momento em que ela pergunta para dois seguranças que estão levando-a, “o que é isso, sou um pedaço de carne sendo levada para um açougue?”. Essa foi a sensação que tive todo o tempo enquanto assistia ao filme. Isso fica ainda mais claro especialmente porque Ana de Armas passa uma parte considerável do tempo com os seios à mostra.
Mas, não se engane, não há cenas de sexo mais fortes, com exceção de uma logo na primeira parte, um ménage a trois. Na maioria do tempo, as cenas são incômodas, você tem vontade de levar uma roupa para cobrir a atriz. Com isso, Blonde não é aquele tipo de filme que você vai ter prazer de ter visto – e muito menos irá querer ver de novo. Ele deixa um gosto ruim, uma tristeza por perceber que Marilyn continua a ser tratada como um objeto – mesmo depois de todos esses anos.
Eloisa
29 de setembro de 2022 às 4:09 pm
👏👏👏👏👏para seu comentário perfeito!!! Quando o filme acabou!!! Eu corri p/ ver comentários políticos🙈🙊😡🥵😡🤬para desligar minha mente…
Eliane Munhoz
30 de setembro de 2022 às 2:48 am
Obrigada, querida!!
Monicabarker
30 de setembro de 2022 às 12:13 am
Não gostei da Marilyn que mostraram, promíscua, inconsequente, histérica, afinal ela não pode se defender. Achei feio, simplesmente feio!😔😠
Eliane Munhoz
30 de setembro de 2022 às 2:49 am
A história me incomodou muito também